quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Meus

(Ivana Almeida)

Minha arte está sempre no limite do mínimo ou do máximo: eu nunca me encontrei no meio termo. Se sinto, sou completamente desse sentimento; se escrevo, sou do texto, das mínimas linhas e entrelinhas, dos detalhes das palavras, das rimas e das interpretações. Há algo belo e romântico nesse modo de levar a vida.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Bem-vindo amor

(Ivana Almeida) 07/09/09

O que realmente significa amar? Será mesmo uma necessidade que precisa de inesgotáveis artes para tentar expressá-la? Nos dias em que o amor me visita, eu me inspiro, procurando as melhores colocações – uma aproximação do que é senti-lo. Quase me saiu tão bem nesses dias quanto nos outros que ele vai embora e apenas resta o papel com frias lágrimas de memórias. Sim, o amor deve mesmo mover montanhas! Se consegue desestabilizar o mundo de alguém, então uma montanha não é lá grande desafio.
Por que o avesso de amar se aproxima tanto em significado com ele mesmo? São tão incontroláveis as palavras ásperas e cortantes para atingir a quem ama e odeia ao mesmo tempo quando se quer que aquelas sejam inesquecíveis, mesmo que em ferimentos. O amor é assim, enlouquece e toma posse da sanidade de qualquer um. Ainda que assustador, não trocaria jamais esse sentimento que leva às alturas das sensações, dos prazeres nunca descobertos, dos desejos que pareciam dormir profundamente. Esse que faz sorrir, que traz insônia e que nos deixa esgotados de tanta satisfação.
Eu não me importaria em passar dias planejando um único: aquele em que o amor se vestiria da sua melhor pelagem da reciprocidade. Este único dia me faria voltar ao papel e relembrá-lo em todos os outros que me restassem. São estas lembranças que quero ter quando estiver sentada, sozinha em um restaurante, com um copo de suco e com a inspiração dos romances dos filmes que nunca parecem se reduzir à realidade.
Talvez seja esse o problema de viver: muito amor avessado. Muita vontade de viver sem a covardia dos tantos “SEs” e da triste experiência passada. Não é justo o amor querer se aproximar e a sua ação ser impedida pela falta de entrega. Não é justo com essa humanidade! Então tudo parece sustentado pelo longo fio sentimental entre os poucos com boas histórias e os que não se deram a oportunidade de sequer tê-las.
Eu não rasgaria meus amores, nem tampouco os que quis esquecer, eu nunca teria um bom motivo para fazê-lo. Realmente gosto das músicas, dos livros, do perfume, das frases, dos beijos, mesmo que não possa recuperá-los, eu apenas gosto.
Não tenho nomes somente para recordar, tenho “eu te amo”, “é você quem eu quero”, “a mulher da minha vida”, “sim, eu quero casar contigo”. Isso basta.
Apenas ame com o que você tem, com tudo que você necessita, apenas se dê o trabalho de conjugar a felicidade, de conseguir ser amado... Apenas queira achar a solução do seu mundo e da pessoa que poderá se juntar ao melhor resumo da vida. Apenas ame sem rodeios, sem muitas dúvidas e grandes escolhas. Somente seja privilegiado por gozar da virtude de ter um coração.
Brinque de se casar no meio de uma praça; leve a sério todas as declarações; chore quando um amor morrer; emocione-se por um jantar romântico, pelo pedido de namoro. Seja contente pelas provas, pela confiança, pela fidelidade.
Talvez eu saiba bem a teoria, só preciso encontrar uma ‘prática’ disposta a todos esses riscos.
Fico feliz por saber que o amor existe, não seria bom sobreviver sem tudo isso.

Bem-vindo amor.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Seja Vida


(Ivana Almeida) - Reflexão
A vida é bem mais do que todos aqueles clichês que tentam definí-la. É um tanto de diversão, de experiência, de criações, de amores, de casos, de partes perdidas... a vida ainda continua sendo mais que tudo isso. Mas, sem dúvida, a melhor sequência é quando seu verbo começa a ser conjugado em todos os tempos: viver os medos, as angústias, o friozinho na barriga do primeiro encontro, o beijo natural, as sortes, as paixões. Quando isso realmente acontece, a alma fica tão extasiada de qualquer sentimento que invade os espaços do consciente e deixa tudo com um ar de satisfação e de tarefa cumprida. Apenas seja intenso.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Pelos verbos que passei


(Ivana Almeida)

Eu só precisava ficar sozinha, sem a gravidade para me deixar rente ao chão. Apenas queria ir embora, sorrir um pouco mais e saber que a noite tudo estará sereno, pronto para um verdadeiro descanso. Enquanto todos progridem em auto-conhecimento, estou vagando dentro de um eu que parece indecifrável. Sou o avesso da minha consciência, e trocando em miúdos, não consigo ser exatamente aquilo que preciso e assim acabo me perdendo em tantas conclusões frustradas.
As palavras conseguem me desenhar quase que como uma fotografia, e quem diria que um dia eu as estaria procurando para essa função...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A medida certa


(Ivana Almeida)


Certamente não seríamos por muito tempo. Aparentemente estávamos fortes, queríamos tudo o que fomos, mas restaram tão poucas escolhas que, pela falta de uma sensata, desistimos.
Eu queria permanecer desde que me lembro sentir algo, mas a história não acompanhou o passar da vida, e foi ficando para trás, e foi estando imóvel do lado de fora das sensações diárias. É como se tivesse passado longo tempo e, ao voltar para casa, o sentimento tivesse ficado na mesma prateleira empoeirada que estavam todos os argumentos que precisei para pô-lo lá. Não foi fácil. Foram tantas as lembranças. Mas no profundo, foi o melhor que fizemos: foram tantos os desgastes.
Eu não preferi acabar, mas também não preferi deixar tudo como estava. Caramba! Numa explosão de exclamações eu admito: nós fomos intensos e eu nos amava por isso! Mas não sobrou muito do que sentíamos ser.
Nós nos colocamos sobre tantas razões que hoje eu preciso de algo menos que sentimentos para poder prosseguir e não querer esquecer tudo e pedir mais uma chance à dois.

domingo, 12 de julho de 2009

Permanente

(Ivana Almeida)

É leve, é sublime, é a melhor sinestesia: a de está em par com o Criador. O coração despe o oco e veste-se de um sorriso irresistível, de uma vontade de ser o que foi planejado na eternidade e de um amor que ultrapassa o natural - as gotas de vazio são preenchidas por um oceano de certezas. Se o Universo parece grande diante do ser humano, ainda maior é o amor de Jesus que nos escolheu – que somos tão pequenos - para receber seu sangue. E tanto nos foi oferecido... até próprio tempo foi criado para sabermos o quanto falta para estarmos ao Seu lado! Não daria para escolher outro, senão esse Amor.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Infinitivo


(Ivana Almeida)
Não era bem a melhor primavera. De um lado, meus olhos testemunhavam à nudez da natureza, a manifestação peculiar do tango dos pássaros e a orquestra dos grilos; de outro, uma solidão, filha da mãe! Não deveria ter permissão de ser único nessas situações. Sou a imagem desbotada que passeia pela cores naturais. Meus pensamentos alcançam dimensões absurdas: o existir da natureza e o meu Ser – mas parece que eu apenas consigo alcançar a realidade nessa loucura de ser alguém. Preciso de bem mais que o concreto; quero flutuar em todos os planos. Eu sinto que existo, mas estou repartido em frações de horas, de gostos, de amores, de pesadelos e de constantes rumores sobre mim. Por dentro estou rasurado, marcado pelas conseqüências das minhas inconstâncias, e minhas paixões, escassas pela falta de uso. Como usaria de sentimentos para conseguir ser em outra pessoa, se toda vez que penso, a solidão me nega essa possibilidade? Preciso saber quem sou para sobreviver em alguém.